Senac São Paulo promoveu, de 24 a 28 de setembro, o Design Essencial 2007 com renomados palestrantes nacionais e internacionais que trouxeram novidades sobre o setorTeve início na segunda-feira (24/9), a 2ª edição do Design Essencial, este ano com o tema Estratégias para um Mundo Melhor. A inauguração da mostra-instalação Amor Líquido, no Museu da Casa Brasileira, e a presença dos argentinos Alejandro Sarmiento e Lujan Cambarieri no Brasil, marcaram o começo do evento. Após a abertura da exposição, eles ministraram uma palestra sobre a trajetória profissional e apresentaram produtos criados com o mesmo conceito e que hoje já são comercializados. Sarmiento e Lujan lideraram, uma semana antes do evento, um workshop de desenho experimental, com participação de 50 alunos da instituição. Em São Paulo, os estudantes do Senac criaram objetos com materiais de descarte, como caixinhas de produtos, tampas de perfumes e batons, que foram utilizados para as criações, cedidos pela Natura. Os objetos podem ser conferidos até 14 de outubro no Museu da Casa Brasileira.
“A experiência com o Senac foi muito gratificante e nos deixou satisfeitos, porque percebemos que nosso objetivo foi atingido. Com essas iniciativas os estudantes aprendem a pensar rápido e desenvolver projetos com curto espaço de tempo e recursos limitados”, lembra Sarmiento, um dos criadores do Satorilab, laboratório argentino de desenho experimental, que utiliza materiais de descarte. Essa foi a primeira vez que os dois trouxeram para o Brasil a experiência e a metodologia Satori, que resultou na mostra-instalação Amor Liquido. Os trabalhos já foram tema de exposição na Argentina e Chile.
Já na terça-feira (25/9), um dos destaques da programação foi a discussão sobre os processos do design e a importância da interação e experimentação para a área. O designer mexicano Hector Ouilhet comentou sobre as reais necessidades da criação de protótipos modernos e bonitos, mesmo que simples, por facilitar que o cliente confie no trabalho da empresa. Ele apresentou projetos que unem conceitos de design à tecnologia, criados por profissionais do Instituto Tecnológico de Massachusetts, nos Estados Unidos. Um dos projetos citados era referente à mobilidade inteligente. A França solicitou, para uma ação isolada, que fosse criado um ponto de ônibus urbano, que possibilitasse interações internas e externas. O objetivo do projeto foi fazer com que as pessoas se divertissem, ao mesmo tempo em que interagiam com o ponto de ônibus, que teria um espaço disponibilizando dicas de restaurantes, pontos turísticos, lanchonetes, entre outros. Outra maneira de promover a interação foi fazer com que as plantas e flores, pertencentes a obra, se mexessem quando os pedestres passassem pelo local.
A palestrante Kathy Mollenhauer traçou um histórico sobre o Chile e o surgimento do design, apontando o crescimento em alguns trabalhos relacionados à área. Ela deu exemplos de como a tecnologia e a experiência levaram benefícios ao design naquele país, principalmente logo após a ditadura, momento em que a atenção estava voltada à necessidade de reforma social, educacional e penal.
A palestra de abertura do terceiro dia (26/9) foi feita pelo advogado espanhol Iván Massa, que falou sobre a importância da criatividade nas corporações. Para ele, todos os projetos e organizações criativas precisam envolver desde a direção até os funcionários, de forma a fazer com que percebam a importância e o resultado provocado pelas inovações. “A Kodak é um exemplo de empresa que, apesar de ainda hoje ser líder no mercado de fotografia analógica, não teve a percepção de inovar, com o surgimento das máquinas digitais. Embora se mantenham líderes neste mercado, poucas são as pessoas que utilizam a máquina analógica”, exemplificou Massa.
O espanhol discorreu ainda sobre o perfil das pessoas criativas, deu dicas de como transformar uma idéia de projeto ou produto em um resultado real, trabalhando com a propriedade intelectual e individual, a serviço da empresa. Massa lembrou que mesmo a Espanha tendo uma legislação adequada, também tem problemas com cópias. “Para se obter sucesso é preciso ser criativo, conhecer as ferramentas e depois traçar uma estratégia, de acordo com os interesses de cada local”, finalizou. As outras palestras do Simpósio foram focadas na atividade empreendedora e suas implicações para o design, especialmente aquelas que têm desdobramentos diretamente relacionados à propriedade intelectual.
Os palestrantes da quinta-feira (27/9), falaram sobre o tema Habitar Contemporâneo, mostrando como é possível aderir à flexibilidade de espaços, o que promete ser uma tendência na atualidade. O doutor em arquitetura Edson Mahfuz mostrou exemplos de apartamentos que sofreram alterações. “Os apartamentos mais passíveis de modificação são aqueles construídos nos anos 50 e 60, embora naquele período tenham ocorrido muitas discórdias no quesito arquitetura moderna”, afirmou.
Hoje em dia, algumas pessoas já transformam os espaços de suas casas ou apartamentos em outros ambientes, em minutos. É possível aumentar uma sala e reduzir o tamanho de um quarto, ou usar o mesmo ambiente como sala de jantar em um momento e cozinha em outro, desde que existam algumas ferramentas para isso. Um exemplo é o uso de portas ou folhas de correr. Pode-se fazer um grande apartamento, mesmo que tenha 60 m2 , separando os espaços por núcleos e portas de correr ou de encolher (porta camarão). Edson apresentou projetos de plantas que se adequaram a esse modelo.
Os arquitetos Fábio Queiroz e Cynthia Nojimoto comentaram sobre o uso de objetos multifuncionais e seu surgimento com a classe burguesa e sobre a busca de materiais ideais para habitações. Eles apresentaram projetos, peças e opções de mobiliários que também criam uma flexibilidade de espaços. As arquitetas Lia Carbonari e Ângela Pagliuso mostraram cases que se encaixam no tema habitar contemporâneo.
Para finalizar a semana (28/9), os palestrantes abordaram o tema Fronteiras entre as Artes Gráficas e o Design. Entre eles, o designer gráfico Crystian Cruz falou sobre a fonte e seu papel como elemento gráfico, comentou sobre o surgimento de algumas fontes e sua usabilidade nos dias de hoje. Deu dicas sobre como trabalhar com pedaços de tipografia, caligrafias diferenciadas e contou sobre o mercado de compra e venda da tipografia.
por
Erica Moreira –
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