22 maio, 2007

Artigo: Vamos puxar sardinha - Guilherme Sebastiany



Ok... estou “puxando sardinha” para o meu lado, afinal sou um designer de marcas e em se tratando da sua profissão de escolha e dos valores nos quais você acredita, ser imparcial nem sempre é uma tarefa fácil. Mas isso não torna menos verdadeiro o que vou dizer.

Se antes as empresas se contentavam em ostentar marcas grandes em suas fachadas, agora será necessário construir grandes marcas.

A mudança na legislação sobre a paisagem urbana de São Paulo já provocou alivio aos olhos dos paulistanos, revelando não apenas uma paisagem pouco conhecida, mas também grandes remendos. Curiosamente, apesar de agora reveladas nuas, sujas e mal tratadas, as fachadas verdadeiras de São Paulo enfeiam menos a cidade do que a somatória exacerbada de seus diversos painéis coloridos, brilhantes e luminosos. Portanto o que virá, com a gradual reforma e revalorização da arquitetura de fachadas será ainda melhor.

Mas temos também que olhar para as empresas e comércios, com novas necessidades de comunicação criadas com a mudança na legislação. O modelo válido até então confirmava a regra de quanto mais alta ou berrante fosse a sua mensagem, maior a sua eficiência. Neste novo modelo, que restringe o volume da gritaria visual, a máxima será outra: Quanto mais clara for a sua mensagem, maior será o número de pessoas que ela alcançará.


Parece simples, mas o que estamos vivenciando demanda também uma mudança de postura dos empresários em substituição da quantidade pela qualidade. Maior investimento intelectual em lugar de material. Com o tempo, acredito, investir em uma comunicação inteligente será mais valorizado do que o investimento em ferro, lona, vinil e alumínio.

Mas voltando a minha “sardinha”, não apenas como cidadão fico feliz com a mudança, mas também como profissional. Acredito que daqui em diante a necessidade de um projeto de marca, identidade visual e logotipia diferenciados serão imprescindíveis para as empresas e comércios. Competindo com áreas reduzidas e luminosos igualados, se destacarão na paisagem as empresas que possuírem marcas fortes, tanto conceitualmente (originais e atrativas) quanto tecnicamente (legíveis e identificáveis à distâncias maiores).

Sei que a mudança brusca na lei ocasionou para muitos gastos imprevistos com a reformulação de seus luminosos. Mas esta será uma nova oportunidade para empresários que se preocupam em construir uma imagem de qualidade, se destacarem ao investirem também em uma comunicação visual de qualidade. Com a cidade nua, fica evidente o destaque que já ocorre nas fachadas de lojas e restaurantes que possuíam marcas bem projetadas. Caberá agora à cada um decidir acatar ou não tanto o lado negativo da lei, quanto as oportunidades que ela oferece em competitividade.

Teimo em acreditar que a mudança de marcas grandes para grandes marcas será verdadeiramente melhor não apenas para a cidade, mas também para quem estiver preocupado com a imagem da sua empresa.

Guilherme Sebastiany


Guilherme Sebastiany é designer gráfico especializado em design de marcas, com formação pela FAUUSP e MBA em Branding – Gestão de Marcas – pelo ITAE Instituto de Tecnologia Avançada em Educação da Faculdade Rio Branco.

É o idealizador do site www.designtotal.com.br de cursos on-line para designers, e titular do escritório Sebastiany Branding, especializado em design estratégico de Marcas. www.sebastiany.com.br

Atualmente leciona nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Design da Universidade Anhembi Morumbi e no MBA de Gestão de marcas de moda no SENAC

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